Faísca Mental #135 min leitura

Poliamor e a teoria DISC, quadrinhos experimentais, monitoramento, mensagens recorrentes, Inteligência Artificial superando os humanos, jogo Go e um velho ditado sobre o vento e as velas.

Esta lista de se7e itens é certificada por ser escrita por um ser vivo com forma humanoide, mas que muitas vezes pode ter um comportamento mais semelhante aos seres de silício à la Westworld. Sejam bem vindos ao meu parque temático de faíscas mentais!

O Ministério da Saúde adverte: entrar em contato com faíscas mentais pode causar mudanças cerebrais irreversíveis.

  1. Estava ansioso para ver o filme Professor Marston e as Mulheres-Maravilhas (acabei já assistindo duas vezes) e gostei bastante do longa, principalmente pelo fato das personagens femininas serem o centro (dominante) da história, apesar de ser o personagem masculino que mais recebe reconhecimento por conta do cenário cultural/político da época (mudou muito?). A ideia do William de difundir a filosofia dele para um grande público através dos quadrinho da Mulher-Maravilha, me lembrou bastante o Jodorowsky fazendo psicomagia (recomendo a leitura) em massa através dos seus filmes (e outros trabalhos). Também foi uma surpresa saber que ele foi o criador da Teoria DISC, que recentemente no RDSummit 2017 descobri ser uma das ferramentas que fez uma grande diferença na Resultados Digitais, principalmente no setor de vendas dela.
  2. Escutei a entrevista com Laerte no AntiCast e foi uma imersão na produção de quadrinhos, destacando-se a parte sobre quadrinhos experimentais (foi citado um do Killoffer que lembra os desenhos do Escher) e como isso acontece(u) aqui no Brasil. Fiquei morrendo de vontade de voltar a desenhar e adicionar alguns elementos que faço no Mãonual em quadrinhos (será a volta do Hiperativo?) e de finalmente tirar do papel (rascunho) algumas tirinhas de humor (negro) que fiz. Também falaram sobre a interpretação, apropriação e alteração de desenhos para divulgar uma certa ideologia (que muitas vezes é contrária a da representada pelo autor), que me fez ficar pensando sobre como isso impacta em um material lançado como Creative Commons e se uma licença fechada é realmente a solução (já que isso é feito da mesma maneira). Ah, descobri também que a Laerte lançou ano passado o Modelo Vivo;
  3. Saiu uma nova versão do Firefox que permite bloquear por padrão o monitoramento de sites (como o Google Analytics). Isso me fez questionar como considero algo normal o fato dos sites coletarem dados dos usuários (eu gosto de saber por exemplo quais páginas deste blog são mais visitadas) e acho corajoso eles irem nessa outra direção. Um dos resultados dessa configuração é que os sites carregam mais rápido, principalmente no cenário atual onde muitas vezes são utilizados vários sistemas de monitoramento, tudo em favor da coleta máxima de dados, para talvez isso gerar algum dado relevante. Até onde isso realmente ajuda e é saudável?;
  4. Eu achava que o problema de certas mensagens recorrentes em grupos de WhatsApp se resumia a algo chato (para não expandir em outras palavras mais fortes), mas descobri que na Índia a quantidade absurda de “bom dia” em mensagens com imagens e vídeo não só fazem certos aparelhos ficarem sem espaço como também é um desafio gigante para empresas como a Google tentarem identificar e otimizar o tráfego de dados em cima delas. Fiquei imaginando agora isso no ano novo;
  5. O que acontece quando uma máquina começa a superar intelectualmente a capacidade dos humanos? Essa pergunta já foi respondida em algumas ficções (como nos ótimos filmes Lucy e Her) e geralmente envolviam algo como “pensamentos/atitudes que eram além da compreensão humana” e depois normalmente se direcionavam para uma distopia. Mas essas histórias eram sempre escritas por humanos (pelo menos é o que eu acredito até agora), então as possibilidades (e o estranhamento gerado por elas) sempre eram bem limitadas. Assistindo ao documentário AlphaGo (2017), sobre a primeira inteligência artificial que derrotou nossa espécie no jogo Go, foi possível ver esse fenômeno fora da ficção científica. O mais interessante foi refletir sobre como a nossa forma de pensar, misturando lógica e emoções, pode divergir tão profundamente quando tirarmos o fator emocional a ponto de dar tilt e em alguns casos (nos melhores) gerar uma faísca mental que nos faz ver algo (ou a própria vida) de uma perspectiva totalmente nova. Um exemplo rápido, mostrado no começo do longa, foi como uma I.A. jogou Atari Breakout de uma maneira completamente inusitada aos homo sapiens;
  6. Outra faísca do item anterior foi sobre o próprio jogo, onde uma das pessoas conta que o Go é um espaço onde fica totalmente transparente o nosso modo de pensar e ver o mundo (uma outra aplicação do velho ditado “toda brincadeira tem um fundo de verdade“). Eu conheci o jogo rapidamente faz muitos anos por conta do filme Pi (escrevi de forma bem experimental sobre ele aqui), mas só fui entender recentemente, tanto por conta do documentário quanto pelo último meetup de React que fui, e fiquei bastante fascinado pela complexidade e dimensão que algo com regras tão simples pode englobar;
  7. Lendo O Gerente Deve Ser Resistente ou Resiliente? do Caroli, conheci o ditado de que “não podemos controlar os ventos que sopram no nosso barco, mas podemos ajustar as velas para chegarmos ao nosso destino“. Na jornada para ser mais produtivo, uma das questões mais importantes que lido é conseguir entender tanto meu ritmo interno quanto o de outras pessoas (os ventos) e ajustar a agenda e tarefas (as velas) para ser mais efetivo (destino);

Eu sempre faço aquilo que não consigo fazer, para que eu possa aprender como fazê-lo.
I am always doing that which I cannot do, in order that I may learn how to do it.

Pablo Picasso

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